O boteco/restaurante Sujinho, na rua da Consolação, é um daqueles lugares tão tradicionais, tão incorporados à paisagem urbana que você às vezes esquece que eles existem. Ontem, no feriado do aniversário de São Paulo, eu lembrei do Sujinho, depois de dois ou três anos sem pisar lá. E encarei a chuva para almoçar a gigantesca bisteca de boi com molho acebolado e salada de repolho.
Primeiro, o susto. O nome, cada vez mais, destoa do ambiente. Nascido como um bar frequentado na madrugada por taxistas e prostitutas, o Sujinho foi-se aburguesando até adquirir a forma atual, com um salão renovado, brilhando de limpo (há até um gigantesco painel com uma foto antiga de São Paulo cobrindo a parede do fundo, no pior estilo "boteco chique").
Depois, o alívio ao perceber que a mudança foi apenas superficial. Alívio acompanhado de uma irritação bem familiar. Os garçons continuam mal-humorados, um tanto rudes, quase estúpidos. A casa ainda não aceita cartões de crédito ou débito, obrigando o cliente desprevenido a sair no temporal para sacar dinheiro (não foi o meu caso, graças a Deus). Se você vai beber cerveja sozinho, a casa não tem isopor ou balde de gelo para impedir que a garrafa de 600 ml fique quente.
Por último, quando chega a comida, o pensamento é "por que não venho mais frequentemente?". Uma bisteca à la Fred Flintstone custa R$ 23. Dá para dividir facilmente. E é boa, muito boa. Certamente não se trata da carne mais macia do planeta, mas o sabor equilibra perfeitamente o "bifoso" e o "carvônico".
Ao tomar meu último gole de cerveja não-tão-gelada-assim, me perguntava por que aceito pagar fortunas em vários restaurantes que não são tão bons assim quando o Sujinho sempre está lá para matar, exterminar, aniquilar a fome dos mais famintos por um preço justo.
Sujinho
Rua da Consolação, 2068, São Paulo (mais 3 endereços)
sujinho.com.brMarcadores: comida, restaurantes, São Paulo